Uma vez por semana eu sento em um sofá em uma consulta com minha psicóloga. Consulta não sei se é a palavra certa. E chamo de minha porque começou meio que a fazer tão parte da minha vida de uma maneira que nunca imaginei.
Bem, vou ser bem sincera com você. Quando eu chego, ele não é um lugar confortável. Não chego lá e relaxo, geralmente eu travo os músculos, balanço os pés, aperto os dedos.
Quando eu saio da minha casa e vou até o consultório, eu sei que estou indo para um lugar que me fará pensar. Minha querida psicóloga não passará a mão na minha cabeça e nem de longe vai concordar comigo se eu estiver errada.
Ela vai puxar minha orelha, apontar meus erros e me ajudar a achar melhores caminhos para resolver meus problemas.
Vai me ajudar a lidar com meus medos, inseguranças e defeitos e vamos fazer escolhas melhores.
E vou te dizer, a maioria das vezes isso dói. Dói mexer nas feridas, revirar assuntos delicados. Dói enxergar, e pode doer muito mais o esforço para fazer diferente.
Desde que comecei a terapia, com minhas idas e vindas, pude perceber que, se mudar pode ser doloroso, talvez ficar parado seja muito mais. Talvez não agora, talvez não hoje. Entretanto, dói ver o tempo perdido, é dolorido ver as oportunidades passando pelos seus olhos, machuca não ser o autor da sua própria história.
E se está pensando que terapia é para os fracos, eu diria que é para os corajosos, para quem se dispõe a buscar ajuda, apoio, que está determinado a colocar a cara no sol e fazer diferente.
Não é todo mundo que quer encarar seus monstros de frente, olhar nos olhos deles e decidir o que fazer. E mais, fazer, mudar exige esforço, algumas vezes, muito esforço. Vou te dizer, uma força que você nem sabia que tinha.
É preciso muita coragem para olhar quem de fato somos, e mais coragem ainda para fazer alguma coisa a respeito.
Não é fácil, já perdi as contas de quantas vezes eu pensei em desistir sem contar as que de fato desisti. A coragem às vezes nos falta sim, mas quando eu volto a sentar naquele sofá eu sinto novamente uma sensação de que é possível sim a gente parar de deixar a vida nos levar e levar a vida que queremos, dentro das possibilidades que temos, mas a melhor vida que podemos ter.
Uma vez por semana eu vou para a terapia, me sento, aperto minhas mãos, meus dedos, levo muito peso, mas saio com uma maravilhosa sensação de leveza e bem-estar, algumas vezes dolorida, pensativa, introspectiva e até preocupada, faz parte do processo de mudança, mas sem dúvida nenhuma, muito melhor do que quando entrei.
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