Tempo de Graça, Tempo de Dor de Frances de Pontes Peebles

Temos um novo livro no rol dos favoritos? Temos sim! É um daqueles livros que depois que acabam nos deixam na famosa “ressaca literária”. A gente precisa de um tempo para recuperar dele e só então partir para outra leitura.

E o responsável pelo minha atual ressaca literária é o livro Tempo de Graça, Tempo de Dor, de autoria da brasileira Frances de Pontes Peebles, e publicado pela Editora Arqueiro.

Comecei em um ritmo, parei por um tempo e voltei redescobrindo minha própria maneira de ler a história de Das Dores, órfã, nascida na miséria e que trabalha na cozinha de um grande engenho de açúcar em Pernambuco nos anos 30. E de Graça, filha do novo senhor da fazenda, nascida rica e com o futuro igual para qualquer menina como ela, um casamento. Mais precisamente da amizade que as duas constroem ainda crianças e que levarão até o fim, além de mudar suas vidas para sempre.

Mesmo em meio a tantas diferenças, ambas partilham muitos momentos. Começa a crescer nelas uma relação muito forte. Graça invoca a presença de Dor em seu mundo e juntas descobrem o poder e a paixão da música.

“Há uma lacuna entre nossa realidade e nossos desejos. Quando temos sorte, vivemos com segurança de um lado e espiamos o outro.”

A partir desse momento, elas percebem que não têm futuro na música onde estão e decidem fugir para o Rio de Janeiro em busca de uma carreira como divas do rádio.

Acompanhamos toda essa trajetória, suas aventuras e perrengues até, ao que parece, a conquista desse grande sonho, um pouco diferente do que elas imaginaram, mas ainda assim, uma delas se tornou uma estrela. Não sem a outra, claro.

“É sempre mais fácil achar que nossas intenções são tão importantes quanto o resultado, mas não é verdade. O resultado é tudo. É com o resultado que a gente precisa viver.”

Mergulhamos nas ruas da Lapa no Rio de Janeiro. Conhecemos personagens marcantes e que nos enchem de fascínio. E de lá, vamos com elas para os Los Angeles, conhecer os bastidores da fama.

Tudo isso, sempre remetendo à música como o principal motivador para tudo aquilo. O modo em que ela é tratada no livro é de um autoridade e ao mesmo tempo uma curiosidade e admiração que não tem como não se maravilhar.

Mas o que mais me encantou na história foi a construção das personagens e que construção! Tão verdadeiramente humanas que faz a gente se apaixonar por elas e viver, torcer e sofrer junto.

Posso dizer que degustei cada palavrinha, cada reviravolta e cada acontecimento. Li em um ritmo calmo, tranquilo como se tivesse ouvindo uma música.

A amizade de Dor e Graça é incrivelmente bem criada. É intensa, tem amor, tem inveja e tem orgulho. Tem rivalidade, ressentimento, mas é tão marcante que nos tira o ar durante a leitura.

“Eu poderia suportar mil golpes de qualquer punho, mas palavras? As palavras sempre acabariam comigo?”

Li que esta obra tem ”ecos de Elena Ferrante” e tem mesmo. Pude comprovar! As mesmas sensações e inquietações que Elena me provoca, Frances também!

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