Era um exercício da pós em escrita, lá do comecinho. Eu estava concentrada em encontrar três respostas para algumas perguntas aparentemente muito simples: três coisas que eu sei, três coisas que eu não sei, três coisas que faziam meu coração palpitar… e fui seguindo, três coisas que poderiam não existrir…e assim sucessivamente.
Como uma boa pisciana, minha cabeça estava mergulhada em tanta coisa, principalmente para essa última pergunta.
Era muito difícil escolher o que eliminar, tudo que eu pensava era muito grandioso e difícil de se imaginar resolvendo em um piscar de olhos – quando chega a Júlia, que me acompanhava, dizendo:
– Alergia a gatos.
– O queê?
– Poderia não existir alergia a gatos – ela respondeu como se fosse uma coisa muita óbvia.
Sim, está aí algo que com certeza não deveria existir. Todo mundo poderia ter a experiência de ter um desses seres tão especiais por perto, aprender com eles, com o jeito sábio como levam a vida, sem apressar o próximo momento, curtindo bem o que estiver fazendo, demonstrar amor aos outros e o próprio, tomar sol, observar os pássaros e as folhas das árvores, cuidar bem dos seus, mas cuidando também tão bem da gente e tantas outras coisas.
Lembro que quando a Emily, nossa primeira gata, teve filhotes, eu passei muito tempo observando e aprendendo com sua maternidade.
Não arredaram o pé de perto de mim tanto na época em que tive as primeiras crises de pânico quanto no momento em que me recuperava da cirurgia no pé, uma presença calma, silenciosa, firme e amorosa.
Esses companheiros são mestres em muitas outras coisas e a gente até acha que somos nós que cuidamos deles, mas eles cuidam muito melhor da gente.
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